No passado a navegação marítima simbolizava a epítome da aventura humana rumo ao desconhecido. Homens ousados e ambiciosos se arriscavam mar adentro em busca de novas terras, riquezas e civilizações.
Séculos depois estamos presenciando o início de outra aventura, só que dessa vez bem mais ambiciosa: a conquista do espaço. Nações e corporações já disputam sua proeminência nessa corrida, e a presença humana em outros planetas deixará de ser ficção científica para se transformar em realidade daqui a pouco tempo.
Sobre esse assunto, temos um artigo interessantíssimo sobre a colonização de Marte que foi escrito pelo nosso co-autor, o astrofísico Gustavo Porto de Mello, que merece a leitura. Nele podemos vislumbrar as possíveis transformações que a exploração espacial terá sobre o futuro da espécie humana.
O artigo está dividido em duas partes. Você pode ler as duas clicando nos links abaixo:
https://www.redumbrella.com.br/noticia/colonizando-marte-a-expans%C3%A3o-da-humanidade-parte-1-2 e https://www.redumbrella.com.br/noticia/colonizando-marte-a-expans%C3%A3o-da-humanidade-parte-2-2

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O SUCESSO INDIANO COM A MISSÃO LUNAR CHANDRAYAAN-3 NÃO É ACASO NEM COINCIDÊNCIA
No último dia 23 de agosto de 2023, a Índia, através de sua agência espacial ISRO (Indian Space Research Organization), pousou a missão lunar Chandrayaan-3 (o nome significa veículo lunar em sânscrito) no polo sul da Lua. Este feito espetacular foi manchete em todo o mundo, chamando mais uma vez a atenção para o ritmo acelerado da Nova Corrida Espacial, tal como postamos recentemente em Red Umbrella. O que pode parecer à primeira vista uma surpresa de um país principiante, é na realidade, para o olhar mais atento, a culminação de um investimento continuado e consistente de mais de uma década. A Índia possui foguetes lançadores próprios há muitos anos, sendo autônoma no envio ao espaço de satélites de comunicações e de sensoriamento remoto de recursos naturais.
(Foto enviada pela Chandrayaan-3 antes de seu pouso suave na Lua)
Sua exploração da Lua começou em 2008, com a missão Chandrayaan-1, envolvendo um orbitador e uma sonda de impacto (ao contrário das sondas de pouso suave, a sonda de impacto é projetada para colidir com a Lua, autodestruindo-se no processo). A Chandrayaan-1 funcionou até 2009, e a Índia tornou-se o quarto a país a conseguir impactar uma sonda na Lua, depois da antiga União Soviética (URSS), os Estados Unidos e a China. Após essa missão, seguiu-se a Chandrayaan-2, com um orbitador e uma tentativa de pouso suave, em 2019. A sonda de pouso fracassou, esborrachando-se na Lua, mas o orbitador ainda segue funcionando. O sucesso espetacular da Chandrayaan-3, que pousou na Lua em 23 de agosto e já realiza observações científicas com o pequeno rover Pragyan, é a culminação de um plano de longo prazo. Se tudo correr bem, as baterias devem permitir ao rover uma autonomia de duas semanas de atividades na superfície lunar. A Índia tornou-se o quarto país a conseguir um pouso suave na lua, mais uma vez após a URSS, USA e China, e o primeiro pouso no polo sul da Lua. Um feito notável.
A China é outro país emergente na Nova Corrida Espacial com um claro currículo de sucessos na exploração lunar. A fase inicial envolveu o orbitador Chang’e, em 2007, seguido do orbitador Chang’e em 2010. A fase seguinte envolveu duas bem-sucedidas missões de pouso suave, com rovers de superfície, a Chang’e 3 (2013) e Chang’e 4 (2019). A culminação da espetacularmente bem-sucedida exploração chinesa da Lua foi a Chang’e 5 (2020), a qual pousou, recolheu material do solo lunar, e retornou estas amostras à Terra, trazendo um total de 1.700 g de rochas e poeira lunar. Algo que só havia sido realizado, pela última vez, com a missão Luna-24, da URSS (1976). A Luna-24 foi a terceira missão soviética a trazer amostras da lua, um total de 170 g, e suas precursoras foram a Luna-16 (1970), com um retorno de 101 g, e Luna-20 (1972), com 55g. Um desempenho impressionante das missões chinesas, ainda mais quando comparamos a quantidade de material trazido para a Terra com o que os russos lograram. Ao passo que a China ambiciona, com a sonda Chang’e 6, no futuro próximo lograr o retorno de amostras do lado distante da Lua (algo jamais realizado por nenhum país), os russos fracassaram, apenas quatro dias antes do sucesso indiano com a Chandrayaan-3, em pousar a Luna-25 de modo suave na Lua. Uma falha nos motores imprimiu a velocidade errada à sonda. Seguindo uma órbita próxima demais da superfície lunar, a missão colidiu e se perdeu em 19 de agosto último.
(Euforia no Centro de Controle da ISRO após a confirmação do sucesso do pouso da Chandrayaan-3 - observe no painel a sequência de némros "0.000", indicando que a sonda estava em altitude zero e com velocidade zero em relação à superfície lunar, sinal seguro de uma alunissagem correta)
Além da Lua, vemos atividade intensa e bem-sucedida destas duas nações emergentes na exploração do espaço em regiões bem mais distantes da Terra. A China obteve grande sucesso recente com a missão Tianwen-1, que pousou em Marte em 2020 e através do rover Zhurong explorou a superfície do planeta vermelho até 2022, quando, aparentemente, suas baterias se esgotaram e não puderam mais ser recarregadas pelos painéis solares. A missão resultou em descobertas científicas relevantes e foi considerada um grande sucesso. Mas a Índia chegou em Marte antes da China: a sonda Mangalyan-1 entrou em órbita de Marte em 2014 e explorou o planeta até 2022, quando seu combustível se esgotou e o encerramento da missão foi oficialmente declarado. A China não revela muitos detalhes de suas missões, do mesmo modo que a antiga URSS, mas a Índia transmitiu o pouso da Chandrayaan-3 na Lua ao vivo e na internet, de modo aberto a todo o público. Duas abordagens diferentes, os mesmos objetivos: estabelecer uma presença no espaço, colher os frutos do desenvolvimento tecnológico, e aumentar o prestígio internacional de seu país. Os próximos anos prometem, com missões lunares planejadas por diversos países e o esperado retorno de uma missão tripulada americana à Lua, com a espaçonave Artemis, da NASA, em 2025.